"E então o leão se apaixonou pelo cordeiro... "Que cordeiro idiota" "Que leão masoquista e doente"

domingo, 5 de setembro de 2010

O QUE OS VAMPIROS PODEM NOS ENSINAR?

Os vampiros são criaturas sedutoras. Talvez por conseguirem extravasar sensações que existem em nós, simples mortais. Talvez pelo caráter subversivo da sua não-vida. O fato é que, além de sexys, eles estão pop e acabam instigando uma analogia com a nossa própria existência.


Isso vale para Nosferatu, Drácula e até Edward Cullen. Será por isso que o protagonista da saga Crepúsculo, de Stephanie Mayer, acaba de ser eleito o homem mais sexy do mundo? Branquelo, olhos e cabelos castanhos, é lindinho, mas foge do estereótipo da sensualidade. Ele enfrenta um dilema de amor e recusa, de desejo e contenção que faz meninas e mulheres suspirarem mundo a fora.

Ele não morde e reafirma a nossa projeção do desejo, da vontade de querer sair mordendo por aí, de mudar a condição de uma hora para a outra. Ele procura românticos, que existencialmente esperam sedentos por um complemento. E, hoje em dia, parece tão complicado querer viver só, sem alguém para dividir o quotidiano…

Se aproveitarmos a metáfora, vampiros também não refletem no espelho. Nós, apesar de vermos o nosso reflexo, muitas vezes não refletimos a nossa condição. Nem sempre valorizamos a vida humana, como os vampiros - pelo menos os mais moderninhos - o fazem. Ela costuma ser pensada, estimada e repensada quando estamos próximos do fim, se não só no fim mesmo.

Mais: a imortalidade, a imutabilidade do corpo, o não-envelhecimento, o sexo selvagem, o sangue e o desejo acabam por se tornar promessas quase irrecusáveis se pensarmos na tranquilidade dos nossos dias. Rotina, tarefas incessantes, relacionamentos por conveniência acabam por deixar o nosso lado mais vibrante adormecido, enquanto esses vampiros mortos-vivos vivem intensamente. Controverso.

A popularidade dos vampiros pode servir como estímulo para amar mais enquanto se ama, viver mais enquanto se vive e transformar pequenos prazeres em grandes alegrias. Podemos, ainda, transcender ao desejo, sem precisar derramar uma gota de sangue.

Adaptação: Confessions of an Angel

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